Podes ter de suportar a vida sem
emprego, apoio social ou qualquer fonte de rendimento. Podes ter de
enfrentar o dia a dia tentando resolver uma angústia: onde deixar os
teus filhos para poderes procurar, com um mínimo de dignidade, o que
lhes darás de comer. Podes viver numa casa degradada, numa rua de
casas degradadas, numa cidade de casas degradadas. Podes ter ao lado
da tua casa degradada uma escola que, ao estado, deixou de servir.
Podes ter essa escola ocupada pelos arrumadores que a câmara não
conseguiu arrumar e por todas as outras figuras que consigas imaginar
a cumprir a missão de manterem o local seguro por, pela sua simples
presença, afastarem da cabeça de qualquer criança a ideia de
invadirem o recinto para, por exemplo, jogar a bola num campo que,
entretanto, se vai transformando em pasto de seringas. Podes deixar
que a própria escola se degrade e seja vandalizada. Não te
preocupes.
No dia em que aparecer um grupo de
cidadãos que se voluntarie para, em colaboração contigo e com os
teus vizinhos, limpar o local, recuperar o que foi destruído e
começar a construir um projecto que ofereça aos teus filhos a
possibilidade de aprender música, teatro, jogar a bola, fazer
festas, aprender e conviver, nós mandaremos a polícia, expulsaremos
os impostores e levantaremos uma parede à porta da tua casa que
deixará em definitivo a população do lado de fora dos seus sonhos.
A lição da escola da Fontinha, nasce
nessa imagem. Uma imagem tanto mais importante porque nos contem a
todos. Emparedados. Estamos todos emparedados. Entre a miséria e a
imbecilidade.
Vê aqui as imagens da vergonha
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Madalena
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